quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Chamada para artigos: "Realismo Mágico, Crítica Social e Política na América Latina"
Flávia
X. M. Paniz, Profa. Dra. Samira Feldman Marzochi e Prof. Dr. José Alves de
Freitas Neto (orgs.)
O dossiê visa reunir estudos que tomem o movimento literário do "Realismo Mágico" em
sua potência crítica e reveladora da realidade social latino-americana. A proposta de cunho interdisciplinar deverá abranger diversas áreas como Teoria
e Crítica Literárias, História, Pensamento Social, Sociologia da Cultura,
Antropologia, Ciência Política, Estudos Culturais e da Cultura Visual, desde
que apresentem reflexões relativamente amadurecidas e bem fundamentadas sobre
problemas e objetos vinculados ao tema proposto.
O Realismo Mágico, Fantástico ou Maravilhoso pode ser
considerado um movimento literário de traços característicos encontrados em
obras de diferentes períodos históricos. A expressão, construída por Alejo
Carpentier (1904-1980) e utilizada no prólogo de El reino de este mundo (1949), difundiu-se como um fundamento da
narrativa latino-americana. O maravilhoso foi apresentado como a especificidade
das culturas e povos do continente e, dessa forma, não seria um traço da
inventividade artística, como acontece na Europa ou nas tradições ilustradas,
mas, antes, uma característica regional. O desafio, para Carpentier e outros
autores, era definir o lugar da cultura do continente no contexto ocidental,
identificar-se diante das diversas formas de colonização, criar um sentido e um
método de conhecimento para a sua realidade histórica, social, política e
cultural.
Carpentier articulou várias oposições entre Europa e América, entre realidade
e arte. A “maravillosa realidad” do Haiti, por exemplo, seria superior às
produções artísticas do “maravilhoso” por parte das vanguardas européias. Internamente,
essa narrativa reagia contra o realismo/naturalismo do século XIX e contra a
“novela da terra”, um tipo de regionalismo que imperava nas primeiras décadas
do século XX.
Com o intuito de catalogar suas tendências e encaixá-las sob uma
denominação que significasse a crise do realismo que essa nova orientação
narrativa patenteava, surgiram lugares-comuns no discurso crítico-literário
sobre o romance hispanoamericano: o realismo mágico, o real maravilhoso
americano, a literatura fantástica, o barroco e o neobarroco.
O processo iniciado nos anos 1940
torna-se mais vigoroso na década de sessenta do século XX, com o chamado boom da nova narrativa hispano-americana,
quando se observa a multiplicação de romances e contos neste estilo e a
formação de uma escola. Jorge Luís Borges, Miguel Angel Astúrias, Alejo
Carpentier, Juan Rulfo, João Guimarães Rosa, José Maria Arguedas, Gabriel
García Márquez, José Donoso, Augusto Roa Bastos, Manuel Scorza, Júlio Cortázar,
Arturo Uslar Pietri, Isabel Allende, Murilo Rubião, José J. Veiga, Mario Vargas
Llosa, Augusto Roa Bastos, são autores que podem ser reunidos como pertencentes
ao movimento literário do Realismo Mágico. Acredita-se que este movimento
latino-americano, por sua vez, tenha influenciado as obras de autores como
Ítalo Calvino, Milan Kundera, Salman Rushdie, Mia Couto, entre outros.
Na
multiplicidade de características encontradas em diversos autores, há traços
que permitem identificar unidade e
singularidade no movimento, ao exemplo do “estranho” como elemento cotidiano e
comum, da indistinção entre realidade e fantasia, da desintegração da lógica
linear causal, dos cortes na cronologia, da multiplicação dos espaços e tempos
de ação, da sincronia, polissemia dos personagens, atenuação da qualificação
diferencial do herói, dinamismo na relação entre narrador e personagem, diversas
perspectivas e focalizações do discurso, e da coexistência do grotesco,
poético, insólito, improvável, demoníaco, santo e encantado.
Na América Latina, em particular, o Realismo Fantástico é marcado por seu
contexto político. Desenvolve-se em oposição às oligarquias agrárias, ditaduras
militares, burocracia e burguesia comercial, valorizando os elementos
atribuídos ao “popular” - o misticismo, as crenças, o pensamento mítico, o
sincretismo, o milagre, a sátira, a ironia e a liberdade de imaginação.
Diante do novo contexto que incide sobre a trajetória política da América
Latina, consideramos relevante a contribuição de artigos que busquem refletir
sobre realismo mágico e crítica no contexto latino-americano.
Os artigos devem ser enviados ao endereço tematicas@gmail.com em duas versões
de programa - Word e PDF - fonte Times
12, espaçamento 1,5, folha A4, 15 a 25 páginas.
As normas de publicação podem ser consultadas em:
http://revistatematicas.blogspot.com.br/2008/03/revista-temticas-publica-trabalhos.html
Data-limite para envio de artigos: 15/04/2016
quarta-feira, 1 de julho de 2015
Ciências sociais e perspectivas não-hegemônicas: pós-colonialidade, decolonialidade e epistemologias do Sul
Sergio B. F. Tavolaro
e Manuela Correa Leda (organizadores)
Ao
longo das últimas décadas, novos movimentos teóricos têm impactado o imaginário
das ciências sociais acerca da modernidade. Ao mesmo tempo em que o "Ocidente"
perde espaço face à emergência de centros alternativos de poder global, referências
cognitivas, ético-normativas e estéticas não alinhadas aos paradigmas
hegemônicos das ciências sociais ganham inédita visibilidade e passam a
desafiar e desestabilizar conceitos, métodos e representações há muito consolidados.
O
presente dossiê abre-se às questões levantadas por essas contribuições
intelectuais, cujo traço mais marcante parece ser o esforço de interpelação
crítica de narrativas hegemônicas a respeito da experiência moderna. É verdade
que o teor, assim como a agenda programática dessas perspectivas, mostram-se
amplos e variados. Ainda assim, é possível identificar certo denominador comum,
a saber, a consideração crítica do propalado universalismo daqueles relatos
hegemônicos que por muito tempo circunscreveram e orientaram o rol de
preocupações das ciências sociais. Para várias dessas novas contribuições, as
reivindicações universalistas dos cânones chocam-se com sua indisfarçável
postura etnocêntrica, graças à qual conhecimentos e experiências societais
não-endógenas ao "Ocidente" são relegados à margem – sob o argumento
de se tratarem de expressões societárias anacrônicas, obsoletas ou
reminiscentes.
O dossiê
“Ciências sociais e perspectivas não-hegemônicas: Pós-colonialidade,
decolonialidade e epistemologias do Sul” compreenderá artigos que dialoguem com
tais perspectivas, que problematizem a chamada epistemologia eurocêntrica bem
como seus efeitos, indicando caminhos e veredas alternativos para as ciências
sociais. Nesse sentido, serão bem recebidas reflexões acerca de temas tão variados
como relações de gênero e raciais, questões geopolíticas e econômicas, assim
como preocupações de cunho teórico, epistemológico e metodológico, entrecruzados
com as perspectivas e movimentos teóricos supracitados.
Data-limite para envio de artigos: 5/11/2015
Aos cuidados de Manuela: manuelaleda@gmail.com
Revista Temáticas
Ano 23
número 45/46
2015
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